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Seminário discute acesso da população LGBT moradora de favela ao serviço de saúde




No dia 8 de outubro, o Promundo em parceria com o Grupo Conexão G promoveu o Seminário “Entraves, Avanços e Caminhos no Direito à Saúde da População LGBT”. O evento está vinculado à pesquisa desenvolvida pelas duas organizações chamada “Acesso da população LGBT moradora de Favelas aos serviços de saúde” e buscou incorporar a perspectiva dos/as profissionais de saúde ao debate sobre saúde da população LGBT. A pesquisa contou ainda com duas etapas anteriores: 1) realização de grupos focais para coleta de dados com grupos LGBT residentes na Maré e; 2) pesquisa realizada com população LGBT participante da II Parada Gay da Maré;


Os principais obstáculos discutidos estão relacionados ao despreparo dos profissionais em dar respostas às especificidades da população LGBT. O preconceito, o tabu, a falta de diálogo sobre a orientação sexual dos pacientes, a falta de interesse em investir na formação e a falta de sigilo nas unidades de saúde são fatores que dificultam a criação de um ambiente confiável entre profissionais e pacientes.


Gilmar Cunha, do Grupo Conexão G, lamentou a falta de recursos e apoio governamental às organizações da sociedade civil que trabalham com Aids. “Estamos vivendo o cemitério das ONGs que trabalham com Aids no Brasil. É um ciclo vicioso em que o poder público só apoia organizações mais experientes e não olham para as experiências de organizações pequenas, que não estão sistematizadas”, afirmou Gilmar.


Denise Pires, da Gerência Estadual de DST/Aids, disse que existe uma barreira na legislação para o repasse de recursos para organizações menores que precisa ser revista . “É uma contradição. A gente recebe recursos para realizar parcerias, mas não há instrumentos legais para efetivá-las. Precisamos pensar como aprimorar a legislação e viabilizar o repasse de recursos”. Denise disse ainda que há uma lacuna grande na política de prevenção ao HIV/Aids. “É preciso avançar no entendimento a respeito da prevenção para além do preservativo. Deve-se ter um cardápio que atenda às especificidades de cada público e ampliar o acesso aos insumos de redução de danos”.


Marcos Nascimento, coordenador-adjunto do CLAM (Centro Latino Americano em Sexualidade e Direitos Humanos), chamou atenção para a diversidade que existe dentro do próprio movimento LGBT e afirmou que o preconceito na sociedade é estrutural e acumulativo. “Ser gay na favela é diferente de ser gay nas áreas nobres do Rio de Janeiro. O gay, negro e pobre é ainda mais estigmatizado”. Marcos mencionou ainda que é preciso preparar a sociedade para desconstrução dos preconceitos e para a superação do silêncio em torno do tema. “Muito pouco se fala sobre sexualidade tanto nas escolas como nas unidades de saúde. Quando se trata de sexualidade que foge da norma, fala-se menos ainda. É preciso que o profissional de saúde leve em consideração a orientação sexual, a religião, a raça do indivíduo no seu atendimento. É preciso falar sobre isso, pois o silêncio é uma espécie de violência simbólica”.


Mauro Lima, do Conexão G, reforçou a ideia de que a violência urbana ainda é um aspecto muito importante para população LGBT moradora de favela. Quanto à prevenção do HIV, afirmou que é preciso ampliar políticas de gestão de risco à doença. “Nestes espaços, abre-se mão muito fácil do uso do preservativo, seja porque não tem acesso, ou por vergonha, ou porque a comunidade é violenta. É preciso experimentar novas formas de prevenção, diminuir riscos, tendo a realidade local como ponto de partida”.


Danielle Bittencourt, coordenadora de projetos do Instituto Promundo, apresentou os resultados preliminares da pesquisa “Acesso da população LGBT moradora de Favelas aos serviços de saúde”, que trazem a perspectiva da população LGBT em relação ao acesso ao atendimento nas unidades básicas de saúde. A visão dos profissionais será incorporada a esses dados, que resultará em uma cartilha orientadora para o trabalho dos profissionais de saúde.

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