Dia 20 de março aconteceu o Seminário Internacional 10 anos dos programas H e M com objetivo de debater as diversas formas de aplicação das metodologias dos Programas H e M, reconhecidos internacionalmente como modelos para o engajamento de homens e mulheres na equidade de gênero. O evento também visou compartilhar os aprendizados adquiridos ao longo dos dez anos para o planejamento de ações futuras voltadas para a promoção da igualdade entre homens e mulheres.
Os programas nasceram no Brasil e ao longo dos últimos 10 anos sua metodologia já foi adaptada e disseminada em 21 países. O programa H já foi submetido a mais de nove pesquisas de avaliação de impacto em diferentes contextos, sete das quais mostrando resultados positivos relevantes no alcance de mudança de atitude dos participantes. O Programa H foi considerado uma das melhores práticas na promoção de equidade de gênero pela UNICEF, World Bank, UNFPA, UNDP, Banco de Desenvolvimento Interamericano e pela Organização Mundial da Saúde/Organização Pan-Americana de Saúde.
O Seminário reuniu os parceiros criadores dos programas, ECOS, Papai e Cultura & Salud. Além de outros parceiros históricos que vêm utilizando as metodologias em seus países e estudantes, profissionais, lideranças comunitárias e militantes do movimento de mulheres. Vários países estavam representados como, México, Chile, Guatemala, Moçambique, Venezuela, França, Estados Unidos. E diferentes cidades do Brasil como Recife, Macaé, Belo Horizonte, São Paulo, Saquarema, São Gonçalo, Brasília e Rio de Janeiro.
“O programa H introduziu uma flexibilidade no trabalho com homens na perspectiva de gênero, é uma metodologia do afeto, do prazer, do subjetivo”, disse Benedito Medrado, do Instituto Papai, parceiro na criação do Programa.Bianca Efrom, da Petrobras, falou da experiência do projeto desenvolvido pela empresa em parceria com Promundo visando diminuir o impacto das grandes obras, principalmente ao que se refere à exploração sexual, gravidez na adolescência e desigualdade de gênero. “Eu me questionava se 16 horas de oficinas iria mudar as pessoas, mas quando participei de uma e ouvi o relato de uma mãe pude comprovar que essas 16 horas já fazem diferença para a mudança de atitude das pessoas”, disse Bianca.
Andreza Jorge, consultora do Promundo-Brasil, fez um emocionante relato sobre sua história de vida que, segundo ela, pode ser dividida em dois momentos: 1º) quando era adolescente e teve contato com o projeto JPEG desenvolvido por Promundo na Maré e que foi decisivo na sua trajetória e 2º) Hoje, aos 24 anos, trabalhando com o tema e realizando oficinas sobre Gênero para jovens. “Quero passar nas oficinas os modelos que me foram apresentados, que me fizeram seguir em frente, estudar, trabalhar, ser quem eu sou”.
Marcos Nascimento, ex-diretor do Promudo e coordenador do CLAM (Centro Latino-americano em sexualidade e direitos humanos), fechou o seminário indagando a respeito dos passos futuros. “Como a gente sai do nível de projeto e eleva essas metodologias em escala, com qualidade de intervenção , com diálogo com políticas públicas. E como fazemos esse diálogo em tempos tão sombrios em que o tema de gênero e sexualidade tem sido usado por parlamentares como moeda de troca?”, questionou.
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