Por Luciano Ramos
Às vésperas do dia dos pais muitas questões se passam em nossas cabeças, principalmente, sobre o lugar do pai, numa sociedade patriarcal, em que o machismo insiste em afastar os homens desse lugar; onde os homens são os algozes, fazem vítimas e, também sofrem os impactos da estrutura machista por eles criada. A pesquisadora e doutoranda em Saúde Coletiva Camila Rebouças diz que “A paternidade salva o homem.”, e eu concordo plenamente com ela. Sim, “a paternidade salva o homem!”. Salvação significa “libertar-se de algo para ir em direção a outra coisa.”.
Esse texto não tem a intenção de ser religioso, mas de pensar a salvação numa perspectiva social, emancipatória. A paternidade protege o homem.
O relatório “A situação da paternidade no Brasil: Tempo de agir” publicado em 2019 pelo Instituto Promundo mostra que 82% dos homens estão interessados em fazer o que for necessário para que seus filhos e filhas cresçam e se desenvolvam plenamente. Esse já é um dado importante, pois os homens trazem para a centralidade de suas vidas a ideia de cuidar do outro (filho/filha). Qualificar esse cuidado é uma importante estratégia de apoio para o desenvolvimento dessas paternidades. O mesmo relatório nos aponta que 100% dos homens experimentarão pela vida a prática do cuidado. Se a paternidade cuidadosa e responsável protege e salva o homem, a experiência da paternagem poderá ser o enfoque transformador de gênero para uma sociedade equitativa de gênero, já que a paternidade é uma importante janela para a tão desejada mudança das masculinidades.
Homens que cuidam tornam-se referências importantes para os meninos.
Paternidade responsável e cuidadosa é referência para outras performances de masculinidades num mundo onde a violência se mostra cada vez mais forte. Aos pais de meninas, a paternidade participativa faz com que as meninas experimentem, desde o ambiente doméstico, a equidade de gênero e não aceitem relações diferentes destas nos espaços por onde ela circular ao longo da vida.
Qual o lugar do pai? O lugar do afeto! O afeto é o primeiro lugar que a paternidade precisa encontrar abrigo, ao mesmo passo que o afeto busca lugar na paternidade. Vivenciar a experiência do afeto através da paternidade é transformador e revolucionário! Esse texto poderia ser técnico ou acadêmico, mas hoje eu me permito não ser nenhuma das duas coisas, mas apenas falar desse amor que nos salva, nos protege e nos leva a relações profundas!
Feliz dia dos pais!
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