Samantha Wright é diretora da campanha “Girl Rising” e tem sua carreira desenvolvida em torno do desenvolvimento internacional. Nessa entrevista ela nos dá detalhes da campanha que tem como objetivo mobilizar o mundo pela educação das meninas. Confira.
1. Conte-nos um pouco sobre si, sobre o seu trabalho e o que a levou à campanha “Girl Rising”.
O meu nome é Samantha Wright e sou a diretora da campanha “Girl Rising”. Trabalhei no meio do desenvolvimento internacional e comecei a minha carreira nas Nações Unidas. Ao longo da minha carreira, vi a importância e o poder do enfrentamento de normas sociais prejudiciais, que são a causa de muitos dos problemas com os quais lidamos no campo do desenvolvimento. Ao perceber a importância de transformar estas normas sociais levou-me a tornar-se uma entusiasta de contar histórias, que é algo que a “Girl Rising” faz muito bem. Através dos nossos esforços em contar histórias, aproveitamos o poder dos mídia de qualidade e da comunicação estratégica para comunicar a importância do investimento na educação das meninas no mundo em desenvolvimento. Recorrendo a instrumentos de advocacy, enfrentamos estas barreiras sociais e normas que mantêm as meninas numa situação de desvantagem. Esta estratégia, em conjunto com parcerias inovadoras, permite-nos trilhar novos caminhos no apoio das meninas a nível mundial.
2. O que é a campanha “Girl Rising”? Qual é o problema a que pretende dar resposta e como o estão fazendo?
“Girl Rising” começou com um filme pioneiro, dirigido pelo nomeado pela Academia Richard Robbins, que conta a vida de 9 meninas extraordinárias, que vivem em 9 países diferentes, e que foi escrito por 9 escritores reconhecidos e narrado por 9 atrizes famosas internacionalmente. O filme inspirou e deu lugar à campanha global de ação em prol da educação de meninas, fundada pelos jornalistas premiados do The Documentary Group e pela Vulcan Productions, de Paul G. Allen, a par com um parceiro estratégico, a Intel Corporation. Inspirada no filme, a campanha recorre ao poder de contar histórias e à influência das suas parcerias para disseminar um verdade simples e vital: ao educar as meninas, vamos ser capazes de mudar o mundo. Estamos a criar um novo paradigma na realização de filmes sobre questões sociais ao juntar produção e advocacy desde o primeiro momento. A campanha “Girl Rising” procura estabelecer parcerias com associações progressistas sem fins lucrativos, celebridades, lideranças políticas, empresas e indivíduos de forma a construir um movimento global e reivindicar igualdade de oportunidades para as meninas.
3. O que motivou a criação da campanha? Como surgiu a ideia do filme?
O filme começou com uma proposta que o Documentary Group recebeu para fazer um filme sobre como dar resposta ao problema da pobreza a nível mundial. Durante a fase de pesquisa e entrevistas com especialistas, todas as pessoas sublinharam os benefícios de longo-prazo resultantes do investimento nas meninas. Pareceu-nos claro que investir na educação das meninas era a intervenção mais eficiente no sentido de solucionar o problema da pobreza.
A campanha desenvolveu-se em torno do filme. Sabíamos que se queríamos gerar impacto e criar mudança, tínhamos de ter uma infraestrutura baseada na comunidade em torno do filme, de forma a alicerçar a transformação desejada. Como resultado da campanha, temos atualmente um conjunto alargado de apoiantes no seio das mídia sociais, que estão a conectar e comunicar a questão da educação das meninas além fronteiras. É algo extremamente poderoso e ajuda a amplificar o impacto do filme em si.
4. Qual tem sido o impacto do filme e da campanha no campo da educação de meninas?
Temos conseguido exibir o filme em vários países em todo o mundo. Até ao momento, registrámos aproximadamente 2,000 eventos diferentes, organizados por estudantes, pais, membros de comunidades e várias organizações sem fins lucrativos para sensibilizar a opinião pública sobre a importância de investir na educação das meninas. O nosso sucesso tem sido o engajamento amplo e profundo das várias comunidades a nível mundial, a capacidade de mobilizar pessoas e apoio para esta causa.
5. Qual é a importância do Dia Internacional das Meninas?
O Dia Internacional das Meninas (DIM) foi estabelecido pelas Nações Unidas em 2012 como reconhecimento dos direitos e desafios únicos que elas enfrentam. O segundo DIM tem como tema “Inovando a Educação de Meninas”, apelando a ideias novas e criativas bem como tecnologia, “parcerias e políticas e, acima de tudo, o envolvimento dos e das jovens.”
Este ano, o Dia Internacional das Meninas assinala a importância da educação das meninas e revela os obstáculos que estas enfrentam para manter-se na escolar. Para nós, o DIM é uma oportunidade para mostrarmos apoio de forma ampla e diversificada a esta questão, reforçando que a educação das meninas não só é uma medida correta, mas também uma jogada inteligente.
6. Globalmente, quais as atividades e eventos que estão a ter lugar e quais os países envolvidos?
Existem aproximadamente 2000 eventos planeados para o mês de outubro, em celebração do Dia Internacional das Meninas, em cerca de 158 países em todo o mundo. Destacam-se as ações de 11000 mulheres africanas que tocarão o sino da paz em vários lugares da região da África Ocidental em apoio da educação das meninas, o festival de cinema que terá lugar num campo de refugiados no Saara Ocidental, e uma exposição fotográfica na Nova Zelândia que discutirá a representação das meninas nas obras de arte. Trata-se de facto de uma oportunidade única para revelar várias vozes em apoio das meninas.
7. Qual a mudança que você espera alcançar com a campanha “Girl Rising” ?
As nossas aspirações são simples. Esperamos que o nosso filme e campanha inspirem um conjunto de iniciativas exitosas a nível comunitário, de base, e mudanças políticas do topo para a base que ajudem a fazer a diferença no apoio das meninas.
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