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Entrevista com o novo diretor adjunto, Luciano Ramos.

“O fato é que eu estou inaugurando uma função dentro do Promundo. Essa função não existia e inaugurar uma função, ao mesmo tempo que é um lugar de celebração, também é o lugar de compromisso ainda mais forte, não é? Eu tenho dever de fazer dessa função a melhor possível para que outros diretores e outras diretoras adjuntos e adjuntas venham depois de mim e que isso funcione bem.”


Hoje um cargo novo se inaugura no Promundo: diretor adjunto. Quem o assume é o antigo consultor sênior de programas & projetos, Luciano Ramos.


Para compreender as mudanças que virão a partir de sua nomeação, a comunicação do Promundo convidou-o para que falasse um pouco sobre suas expectativas, sobre o cargo de consultor sênior de programas & projetos e o novo cargo de diretor adjunto.




Bruna Martins (Consultora Jr. de Comunicação e Pesquisa)


Podemos começar falando sobre a sua relação com Promundo: Como você chegou até o Promundo, sua entrada na instituição, seus cargos na instituição e sua relação histórica com o Promundo.  


Luciano Ramos 

Então, a primeira vez que eu ouvi falar do Promundo foi por meio do Leonardo Yanez, da Bernard Van Leer [fundação que atua na área do desenvolvimento na Primeira Infância]. Na época, ele era ex-diretor da Bernard Van Leer na América Latina. Por meio de um projeto que eu desenvolvia em outra organização, um projeto de desenvolvimento comunitário, em que a gente trabalhava com meninas adolescentes e jovens que tinham descoberto maternidade e estavam no período de gestação. O Leonardo provocava muito para que a gente também pudesse trabalhar com figuras paternas. Isso deve ter sido 2013, 2014, mais ou menos. E aí eu conheci o Promundo por causa do Programa P, que é o programa de paternidade e cuidados. Ali eu e a minha equipe, daquela época, passamos por uma capacitação com o Promundo no Programa P para entender como acessar figuras paternas. Desde então, a gente criou uma relação muito próxima com o Promundo. E era uma relação institucional. O Promundo participou de um seminário local que a gente estava fazendo sobre gestação, falando da figura paterna, falando do pré-natal do parceiro. Naquele momento também, eu conheci Angelita [atual presidenta do Conselho Deliberativo do Promundo], que não era, naquele momento, presidenta do Promundo, mas era da Coordenação Nacional da Saúde do Homem, da Secretaria Nacional da Saúde do Homem. Então, nós fizemos um trabalho bem interessante juntos com o Promundo. Anos depois, acho que foi 2017 mais ou menos, eu estava saindo da organização em que eu trabalhava e a Norma Sá, que era uma das coordenadoras de projetos do Promundo, me convidou para poder fazer uma consultoria num projeto que ela coordenava. Então, eu fiz algumas consultorias e, em 2018, ela me convidou para assumir o projeto junto com ela. Ela saiu e eu fiquei na coordenação desse projeto. Então, antes da coordenação desse projeto, eu desenvolvia oficinas e capacitações com profissionais e oficinas com jovens sobre masculinidades. Logo depois, eu fui convidado a assumir a coordenação do projeto. Era o projeto Jovens pelo Fim da violência, em parceria com a KNH (Kinderhothilfe) e com a Comic Relief. A KNH também ficou muito entusiasmada quando descobriu que eu assumiria a coordenação desse projeto e nós seguimos ali com o Promundo. Até no final de 2019, início de 2020, Miguel [fundador e atual diretor executivo do Promundo] me convidou para assumir a consultoria sênior de programas do Promundo. Desde 2020, eu venho desenvolvendo esse formato de gerência dos programas, atuando em como esses programas funcionam. E também no setor de capacitação, criação de metodologias, formação e criação de metodologias, como a gente definiu agora, no nosso planejamento estratégico. Acho que esse é o percurso que eu fui criando um pouco dentro do Promundo e para o Promundo.

 

Bruna Martins

Maravilha. Então, você ficou muito tempo como consultor sênior, não é? Queria que você trouxesse um pouquinho como é que é esse cargo, como é que funciona esse cargo assim, rapidamente, para podermos pensar na mudança de relação que você vai ter com o Promundo e qual será o seu cargo agora e suas expectativas com relação a ele.  


Luciano Ramos 

Na consultoria sênior dos programas, acho que o principal era estar à frente dos projetos, desenvolvendo os projetos e fazendo relações institucionais, seja com secretarias de governo, seja com os serviços da assistência social, da saúde e da educação para que os projetos pudessem avançar bem. Então, era uma relação muito para fora mas a partir dos projetos, a partir do que os projetos demandam e, ao mesmo tempo, estar atento aos indicadores desse projeto e os resultados desse projeto. E conferindo qualidade na ação que a gente desenvolve. Esse é o ponto central, sabe? É como que eu olho para os resultados desse projeto para o desenvolvimento dele, pensando na qualidade disso, porque o Promundo também é reconhecido por ser uma organização de qualidade e, dentro daquilo que que se predispõe a fazer e, ao mesmo tempo, manter uma relação institucional com a os parceiros daquele projeto especificamente. Na prática, esse é o papel da consultoria sênior: É fazer com que o projeto seja de fato entregue, dentro daquilo para o qual ele se predispôs dentro da proposta técnica, além de ter alguns projetos específicos em que eu coordenava mesmo e estava à frente deles, e em boa parte deles também na execução. É esse o cargo que eu ocupava até aqui. Agora no cargo de diretoria adjunta, principalmente, o meu papel é articular os projetos internos que o Promundo tenha, que desenvolve através dos seus parceiros, olhar para os projetos como um todo. Agora não é só mais os projetos que eu coordeno, mas os projetos que estão dentro da organização como um todo, fazer uma relação institucional para dentro e para fora. É dialogar com financiadores e, ao mesmo tempo, dialogar com os parceiros do projeto, mas também dialogar com a parceiros institucionais através das redes, através dos fóruns e etecetera que o mundo participa. E garantir qualidade para todos os projetos, garantir que eles sejam, de fato, projetos de qualidade, que funcionem bem institucionalmente, conectados extremamente à missão institucional e aos valores institucionais. Agora o olhar é esse: ficar centrado nos programas, ficar centrado nos projetos e, em alguma medida, diminuir a participação enquanto consultor dentro de alguns programas para poder olhar para o todo. É fazer o olhar externo e interno ao mesmo tempo para garantir que os projetos estejam funcionando da melhor forma possível. E, ao mesmo tempo, continuar trazendo inovações para dentro do Promundo. Pensar essas inovações é contribuir bastante com alguns setores, como os setores de advocacy, o setor de comunicação institucional, colaborar para que o setor funcione a partir das temáticas e a partir de um planejamento bem estruturado. É, enfim, articular todas as ações internas que nós temos a partir dos eixos e do planejamento estratégico que a gente tem definido. Agora, algo que eu acho que é importante e que ajuda muito, é o fato de nós termos um planejamento estratégico bem desenhado. Isso ajuda a olhar para o todo sem se perder. Porque, para uma organização grande, como é o Promundo, um planejamento bem feito ajuda a gente a seguir. Ir se norteando a partir dele. Então, o planejamento diria que é o grande documento, é o grande regimento que vai guiar o trabalho pelos próximos anos. 


Bruna Martins

E diante disso, quais são suas próprias suas prospecções com relação ao trabalho com o Promundo,  da sua atuação e da instituição em si porque a vigência do seu cargo é de um ano, passível de renovação. Eu queria saber como que você vê este ano de trabalho e pensando na instituição mais à longo prazo, quais são as mudanças e permanências que você vê? 


Luciano Ramos 

Eu estava dizendo uma coisa outro dia para Angelita: o fato é que eu estou inaugurando uma função dentro do Promundo. Essa função não existia e inaugurar uma função, ao mesmo tempo que é um lugar de celebração, também é o lugar de compromisso ainda mais forte, não é? Eu tenho dever de fazer dessa função a melhor possível para que outros diretores e outras diretoras adjuntos e adjuntas venham depois de mim e que isso funcione bem. Esse cargo é de 1 ano com a possível renovação para mais 3 anos, mas o meu desejo é o de seguir fazendo com o que o Promundo tenha toda essa notoriedade que ele tem e continue sendo visto como uma organização muito séria e muito comprometida com as causas às quais se propõe a fazer, é dar ainda mais visibilidade ao trabalho que a gente faz. É conferir ainda mais qualidade àquilo que a gente desenvolve. E, por outro lado, eu acho que também é seguir fazendo o que eu tenho feito até hoje: colocar o que sempre foi visto e o que sempre é visto muito por muitas organizações como temas transversais, como temas prioritários, necessários e urgentes. Eu acho que a gente nos últimos tempos colocou muito na pauta do Promundo Comunidades Tradicionais, por exemplo, como pauta urgente e necessária e da ordem do dia. As comunidades tradicionais, comunidades indígenas, as populações pretas ou populações negras, como algumas pessoas preferem. Pensar as comunidades ribeirinhas, olhar para essas comunidades. A própria comunidade LGBTQIAP+: olhar para esses temas que sempre aparecem como temas transversais, trazendo como temas prioritários e fazendo essas análises a partir das masculinidades. O tema do Promundo é muito necessário e eu acho que ele segue sendo muito necessário e cada vez mais necessário nesses tempos que a gente tem vivido. Então o meu trabalho nesse caso é fazer com que isso siga ocupando um lugar central dentro do Promundo. Como é que a gente faz as discussões relacionadas aos temas de masculinidades a partir desses outros temas que são tão necessários para a ordem do dia? E, sobretudo, dentro de um contexto tão machista, não é? É de um contexto tão ultraconservador que a gente tem vivido? E como a gente faz isso considerando todo mundo? Como a gente faz isso trazendo todo mundo para esse diálogo? Sem excluir ninguém, porque não é possível fazer esse diálogo excluindo quem minimamente esteja querendo estar nessa roda. Porque também há pessoas que não vão chegar, mas há gente necessária que pode chegar e que a gente pode sensibilizar para esse processo. Então, eu acho que o meu trabalho é promover, é fazer com que exista cadeira na roda para as pessoas sentarem, chegarem e fazerem. E, por outro lado, é também seguir aprendendo. Eu acho que eu estou o tempo todo tentando aprender porque é o processo, não é? Eu estou em desconstrução também o tempo todo. Quando eu sento com você, eu aprendo sobre comunidades tradicionais. Quando eu vou sentar com a Kelly [reitora de extensão da Universidade Estadual do Amapá, que realizou o Projeto Paternidade e Primeira Infância com indígenas Wajãpi e ribeirinhos junto ao Promundo], ela me ensina sobre comunidades tradicionais, quando eu sento a com alguém que que estude e esteja mais aprofundado sobre diversidade sexual, eu vou aprofundar o meu entendimento sobre o tema. Me coloco muito no lugar e de ouvir, eu acho que é esse também o lugar que precisa ser para ocupar o lugar de gestão. Eu acho que é isso. Não sei muito bem como é que é esse lugar, mas vou aprender. 



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