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Entrevista com Hussein Safwan: Ajudando homens e meninos libaneses a saírem da “caixinha”




Em julho de 2016, a ONG libanesa ABAAD-Centro de Recursos para a Equidade de Gênero (link em inglês) e o Promundo lançaram o Programa Ra em Beirute com o apoio do primeiro Prêmio Womanity, da Fundação Womanity (link em inglês). Adaptado do nosso Programa H, o Programa Ra estimula homens e meninos a desafiarem estereótipos baseados em gênero, questionarem ideias tradicionais sobre masculinidade e contribuírem para acabar com todas as formas de violência baseada em gênero no Líbano.


Hussein Safwan oferece apoio psicossocial como parte do Programa de Espaços Seguros para Mulheres e Meninas (WGSS, na sigla em Inglês) da ABAAD em Choueifat, Líbano. Na entrevista a seguir, Hussein fala com Promundo sobre a importância de trabalhar com homens e meninos no Líbano e compartilha suas ideias sobre o Programa Ra.


A entrevista de Hussein é a segunda de uma série de três entrevistas em profundidade que o Promundo está publicando este mês com os campeões do Programa Ra no Líbano. A primeira entrevista da série, com Tala Noweisser, está disponível aqui.


Quais desafios você percebe que homens e meninos têm enfrentado no Líbano?


O primeiro desafio são os conceitos estereotipados de masculinidade e tradições familiares, que podem trazer práticas prejudiciais, especialmente em contextos de conflito e pós-conflito. O segundo desafio é a supressão das emoções dos homens, porque eles pensam que apenas as mulheres têm o direito de expressar emoções. Eles pensam que o conceito de “homem” é o do poder: ele não é humano, ele não tem sentimentos.


A consequência negativa é que homens e meninos frequentemente usam a violência, porque é uma resposta socialmente aceitável ao estresse, especialmente com suas parceiras. Por exemplo, quando os homens refugiados vêm para o Líbano da guerra na Síria, às vezes sentem que a única maneira de expressar suas emoções e resolver problemas é usar a violência doméstica como um mecanismo de enfrentamento. Eles [estão frustrados porque] não têm dinheiro ou apoio, então agem de forma prejudicial para reforçar seus sentimentos de masculinidade e reconstruir a sua confiança.


Por que trabalhar com homens e meninos é importante para você?


É importante trabalhar com meninos, porque são a nova geração do nosso país. Colocamos nossa esperança neles de construir uma sociedade com paz e amor, sem violência ou crime. Esperamos construir com eles uma nova geração de paz e maturidade.


Mas, há muitos desafios para trabalhar com homens e meninos, especialmente em nosso país. Eles costumam pensar que sabem tudo e acreditam que sessões de discussão em grupo, como o Programa Ra, não são necessárias para eles, apenas para as mulheres, porque a coisa mais importante para eles é aprender a ganhar dinheiro. Compreender o conceito de masculinidade e explicar como você pode usar sua masculinidade de maneiras positivas pode não ser importante para eles. Talvez, se criarmos uma campanha para mobilizar homens jovens ou um campeonato de futebol, eles virão, mas isso requer dinheiro. Se conseguirmos mobilizar meninos com sucesso, veremos resultados positivos.


Como você começou a trabalhar com o Programa Ra?


Atualmente, estou trabalhando no Programa de Espaços Seguros para Mulheres e Meninas. Este programa também trabalha com meninos, mas não na mesma escala. O Programa Ra nos ajudará a trabalhar melhor com homens e meninos e fazer conexões para prevenir violência.


Uma das razões pelas quais gosto do Programa Ra é porque é novo no Oriente Médio, especialmente no Líbano e em outros países árabes. Precisamos de um programa para ajudar os homens a sair da “caixa”. Além disso, os homens aqui no Líbano gostariam de mudar, mas eles não têm um caminho para dar o primeiro passo. O Programa Ra é o primeiro passo para eles.


O que você espera que os meninos consigam ao participar do Programa Ra?


Espero que eles criem grupos comunitários e reproduzam as sessões com suas comunidades, pais e amigos – e que comecem a ajudar os outros a mudarem.

Nota da Editora: Esta entrevista foi editada para adequação de tamanho e compreensão.

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