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Dimensionando para agir: Entrevista com Miguel Fontes

Atualizado: 18 de mai.

Miguel Fontes é graduado em Administração pela Universidade Católica de Brasília, mestre em Relações Internacionais pela Johns Hopkins University e doutor em Saúde Pública pela mesma universidade. Possui experiência em desenvolvimento de programas de responsabilidade social corporativa, elaboração de análises de políticas públicas e econômicas, consultoria para organizações não-governamentais e sociais em gestão estratégica, projetos de Avaliação de Impacto Social, projetos com crianças e adolescentes em situação de rua, trabalho e orfandade em razão da AIDS, desenho de levantamento de dados e pesquisa e avaliação de projetos e mobilização social. Sua experiência de campo abrange a América Latina e Estados Unidos em desenvolvimento de estratégias de sustentabilidade.


É diretor da John Snow Brasil e presidente do conselho deliberativo do Instituto Promundo. Nessa entrevista, Miguel Fontes traz suas perspectivas sobre os dados e relações entre a pesquisa “Dimensionando a Violência de Gênero no Brasil: Um estudo sobre percepções e vivências de violência entre as mulheres” e o relatório “Situação da Paternidade no Mundo: Tempo de Agir”


1) Qual a avaliação/reflexão que você faz sobre os resultados da pesquisa “Dimensionando a Violência de Gênero no Brasil: Um estudo sobre percepções e vivências de violência entre as mulheres” e seus reflexos na sociedade brasileira atual? Algo chama mais sua atenção?


O estudo apresenta vulnerabilidades por perfil social bem claras (ex. idade e escolaridade). No entanto, é surpreendente ver que a condição econômica não representa maior vulnerabilidade. Ou seja, mulheres de todas as classes sociais e até em alguns casos, mulheres de mais alta renda são afetadas da mesma forma pela violência de gênero. Além disso, chama à atenção as consequências negativas da violência de gênero para sua saúde e seu bem estar e entender que ambientes supostamente de relacionamento e amor são os mais propícios para que esta violência ocorra.


2) Qual a relevância deste tipo de levantamento de dados para a transformação ou mudança deste cenário de violência de gênero no Brasil atualmente?


O estudo tem implicações diretas para as áreas de saúde e educação. Em relação a área de saúde, políticas de promoção à saúde da mulher devem incorporar ações de identificação de casos de violência de gênero e apoio à saúde mental para as mulheres (incluindo transgêneros) que sofrem violência de gênero. Em relação à educação, políticas para ações educativas que promovam relacionamentos saudáveis (como paternidade responsável, diálogo conjugal, relacionamento positivo, equidade de gênero, diversidade sexual, entre outros temas) devem ser implementadas de maneira universal nas escolas públicas e privadas do ensino fundamental e em todo o país.


3) Observando os dados do relatório “Situação da Paternidade no Mundo: Tempo de Agir”, qual a importância de compreender o estado do envolvimento dos homens em paternidade e cuidado para a prevenção de violência contra mulheres?


O que eu achei mais interessante é que parece uma mensagem muito clara, a partir dos dados levantados que não basta ter um filho ou uma filha para ser chamado de pai. Que a paternidade realmente é uma perspectiva muito mais ampla em termos de domínio de emoções, de envolvimento no cuidado da criança, de entender a/o adolescente. É uma perspectiva muito mais do conhecimento do que é ser pai, de como que isso se aplica na vida real, do que meramente ser uma questão de ter uma figura paterna, um status social, uma questão biológica.


A paternidade é transversal a uma série de temas do que a gente trabalha hoje no desenvolvimento social, que são relacionados à educação, ao cuidado da saúde, a ao cuidado e ao respeito às questões ligadas a diversidade e ao gênero, incluindo a prevenção de violência contra a mulher. Acho que a mensagem principal que o relatório traz é isso – paternidade não é status social, é o envolvimento, o interesse e cuidado nessa relação com a mulher, como cônjuge ou numa outra relação que seja estável, no relacionamento com o filho ou a filha.


4) Em sua opinião, quais dados desse relatório apontam perspectivas positivas de futuro no envolvimento de homens em paternidade e cuidado para promoção de equidade de gênero e prevenção de violências?


O que me chamou atenção é que o relatório traz indicativos para o fortalecimento das políticas públicas de educação e saúde, desde a criança, na escola, como, por exemplo, nos postos de saúde, no trabalho com os jovens. O envolvimento na paternidade e na redução da violência contra a mulher beneficia a criança, a mulher, o próprio homem e a sociedade como um todo. O estudo aponta como é benéfica, inclusive numa relação custo-benefício, a implementação de políticas que consideram formas de quebrar esse paradigma cultural que a gente tem do machismo, tanto em relação à violência contra a mulher, como na questão da paternidade.


Leia o sumário executivo da pesquisa “Dimensionando a Violência de Gênero no Brasil: Um estudo sobre percepções e vivências de violência entre as mulheres” aqui e o sumário executivo do relatório “Situação da Paternidade no Mundo: Tempo de Agir” aqui.


Acesse as redes sociais de Promundo e Market Analysis e confira a campanha Dimensionando para Agir.


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