O Promundo lançou no dia 26 de maio a campanha “Não é curtição, é exploração sexual contra crianças e adolescentes”, que pretende chamar atenção e prevenir a exploração sexual de crianças e adolescentes (ESCCA) no período da Copa do Mundo no Brasil. A campanha foi lançada durante um seminário na Firjan, no Rio de Janeiro, que contou com a presença da Ministra da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, Ideli Salvatti, empresas e organizações da sociedade civil.
A campanha estará em 16 cidades até o fim dos jogos da Copa do Mundo (Rio, São Paulo, Salvador, Fortaleza, Natal, Brasília, Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte, Manaus, São Luiz, João Pessoa, Maceió, Vitória, Goiânia, Florianópolis e Recife), sendo que cinco delas (Rio, São Paulo, Salvador, Fortaleza e Natal) lideram o ranking da prática nociva aos jovens e crianças, segundo a Secretaria Nacional de Direitos Humanos.
Durante o evento a Ministra da Secretaria de Direitos Humanos pontuou os avanços para o combate à ESCCA no país, como a aprovação pela câmara dos deputados como crime hediondo e a portaria que impede a entrada de estrangeiros condenados por crime de pedofilia. “Tem muito questionamento a respeito da Copa. Muitas vezes, as pessoas querem um legado de concreto, ferro e aço, mas um dos legados mais importantes é essa articulação entre as instituições dos governos estaduais, federais e municipais”, afirmou a ministra Ideli Salvatti.
O ex-jogador Jorginho, que foi lateral direito da Seleção Brasileira campeã do Mundo em 1994 e atual técnico do Al Wasl, dos Emirados Árabes, participou de vídeos da campanha que circularão nas redes sociais e em televisões de prédios comerciais. Foi criado também um hotsite, páginas nas redes sociais Twitter e Facebook, além de cartazes e cartões postais que serão fixados em bares e restaurantes das principais cidades-sede. A instituição também produziu 120.000 exemplares de um ‘Guia do Torcedor’, no qual se destacam uma entrevista exclusiva com Jorginho, informações sobre ESCCA, tabela de jogos e dicas para o turista aproveitar a Copa respeitando os direitos infantojuvenis. Os guias serão distribuídos durante as partidas de futebol do torneio perto de estádios e aeroportos. No Rio de Janeiro, cartazes da campanha serão fixados em carros do Metro e na estação da Cinelândia.
As mensagens foram inspiradas em pesquisa realizada pelo Promundo que aponta que algumas situações de exploração sexual de crianças e adolescentes são naturalizadas e não reconhecidas como tal por parte da população.“A gente parte de alguns mitos associados à masculinidade, que fazem, por exemplo, com que homens achem que estão ajudando uma criança quando têm relações sexuais pagas com ela. Partimos de uma pesquisa que revela como muitos homens percebem o seu papel na sociedade, e como isso reforça a exploração sexual. Muitos não enxergam isso como um crime”, explicou a coordenadora de programas do Promundo, Vanessa Fonseca.
A pesquisa
Dados da pesquisa “Homens, mulheres e a exploração sexual de crianças e adolescentes em quatro cidades do Brasil”
• 14% dos entrevistados responderam que já tiveram relações sexuais com menores de 18 anos.
• Quase metade dos homens que afirmam já ter se relacionado com meninas entre 12 e 17 anos afirma que essa relação foi uma forma de se sentirem jovens
.• A porcentagem de homens que afirmaram ter amigos que já tiveram relações sexuais com adolescentes é mais do que o dobro entre os entrevistados que já tiveram relações com adolescentes
.• As crianças e adolescentes são responsabilizados pelo sexo comercial e o seu comportamento é moralmente condenado: 41% dos homens do Rio de Janeiro e 46% das mulheres afirmaram que consideram o ato como “prostituição adolescente” e não exploração sexual.
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