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Anunciando GlobalGRACE: Sobre gênero e culturas globais de equidade

Por Victoria Page


Foto: Galpão Bela Maré


Nas últimas décadas, alguns avanços aconteceram no sentido de reconhecer e apoiar iniciativas para a equidade de gênero e raça, bem como para o enfrentamento de outras formas de desigualdade social baseadas em economia e religião, por exemplo, que também se conectam com o sexismo e o racismo. Desde 2015, os esforços presentes nessas iniciativas encontram eco nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs), lançados em 2015, pela Organização das Nações Unidas (ONU). No entanto, um longo caminho ainda precisa ser percorrido para que a equidade de gênero e raça seja alcançada globalmente.


A persistente desigualdade de gênero e raça gera impactos extremamente violentos para mulheres e meninas, especialmente as não brancas, em quase todas as áreas de suas vidas, incluindo saúde, educação e emprego. Homens e meninos, no entanto, também são negativamente impactados com essas desigualdades, a exemplo de normas de gênero prejudiciais que naturalizam o uso da violência para “afirmar a masculinidade” contra mulheres e outros homens.

O relatório “Isso aqui não é vida pra você”: Masculinidades e não violência no Rio de Janeiro, Brasil reúne resultados da Pesquisa Internacional sobre Homens e Equidade de Gênero – IMAGES, realizada por Promundo no contexto da violência urbana no Rio de Janeiro. A pesquisa mostrou uma nítida conexão entre normas de gênero não equitativas e o uso da violência pelos homens, bem como maior probabilidade de exposição à violência e da continuidade desses ciclos. Essas desigualdades que se cruzam têm um efeito devastador no bem-estar dos indivíduos e das comunidades.


As desigualdades de gênero no Brasil são complexas e profundamente arraigadas, podendo conectar-se às dinâmicas relacionadas ao racismo e atravessando desigualdades estruturais, patriarcado, normas de gênero prejudiciais, atitudes e comportamentos individuais. Tal contexto exige mudanças em múltiplos níveis – institucional, comunitário e individual.


Neste mesmo contexto, a produção artística e cultural periférica tem se constituído historicamente enquanto um espaço de contestação  das desigualdades de gênero e raça, entre outras. Desafiando o status quo, existem numerosos exemplos de arte e cultura provenientes das diversas periferias no Brasil que questionam as normas prejudiciais de gênero e o racismo, em busca de transformar as realidades cotidianas das pessoas afetadas por essas violências.


Para compreender melhor essas práticas, Promundo embarca em um projeto de pesquisa inovador, em parceria global com Goldsmiths University, Universidade de Londres e em parceria local com o Instituto de Relações Internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (IRI – PUC-Rio) e o Instituto Maria e João Aleixo (IMJA); bem como com o apoio do Conselho de Pesquisa do Reino Unido (RCUK). Com duração de quatro anos, o projeto de pesquisa abordará equidade de gênero e raça, arte e cultura por meio da iniciativa GlobalGRACE – Gênero e Culturas Globais de Equidade. A iniciativa GlobalGRACE é formada por seis países parceiros: Reino Unido, na função de coordenação, África do Sul, Bangladesh, Brasil, Filipinas e México, na função de condução das pesquisas, cada uma focada em um aspecto diferente de equidade de gênero, arte e cultura.


Como especialista no trabalho com homens e meninos para a promoção da equidade de gênero, Promundo conduzirá a pesquisa no Brasil concentrando-se em masculinidades não violentas no contexto de violência urbana, com um foco particular em música, dança e grafite. Com base na expertise de IMJA e IRI – PUC-Rio, o projeto tem interesse particular na produção de conhecimento das periferias urbanas especialmente no Conjunto de Favelas da Maré, principal local de pesquisa, e em artistas da periferia como sujeitos deste processo decolonial e que questiona o poder hegemônico desigual.


No Brasil, em março, foi realizada a reunião de lançamento nacional do projeto. A partir desta semana, Promundo se reúne com todos os parceiros internacionais em 10 dias de Evento de Parceria e Capacitação (PCE), em Londres, para dar início às pesquisas em cada país. Em 2019, os parceiros do Brasil sediarão o 2º evento do PCE, incluindo atividades e sessões abertas ao público.


Muitas das atividades nos próximos anos serão decididas e construídas diretamente em parceria com artistas e ativistas do Conjunto de Favelas da Maré. Para culminar nosso programa de trabalho, ao final dos 4 anos, criaremos uma grande intervenção pública artística, que será criada em conjunto com esses artistas e ativistas. Os próximos anos prometem estar repletos de múltiplas atividades, intervenções artísticas e pesquisa sobre arte, cultura, equidade de gênero e raça.

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